terça-feira, 7 de janeiro de 2014

TERRA

Terra que me refiro não é o planeta terra. Nem poderia ser, pois o planeta denominado terra tem, na verdade, mais água do que terra.

Terra que me refiro é a terra escura mesmo, marrom, úmida, com cheiro, fofa e macia, que suja as mãos e o chão. É sobre essa terra que quero falar. Uma coisa simples a princípio, não? Não, pelo menos para mim.

Para explicar melhor o porque de se falar sobre a terra vou relembrar o início do filme O fabuloso destino de Amélie Poulain, famoso filme (e que eu adoro) de Jean-Pierre Jeunet. Logo no início você é levado a conhecer um pouco sobre os personagens da trama através de seus pequenos prazeres e desprazeres . Ora, todos nós temos pequenos prazeres, alguns até secretos, outros nem tanto. Seja o prazer de estourar plástico bolha, de passar a mão no gelo, de apertar algodão, de ouvir o barulho da uva amassando na boca a cada mordida, enfim, todos temos pequenos prazeres só nossos. A terra é meu pequeno prazer. Deixar meus dedos sujos daquela terra escura e úmida, sentir seu cheiro, afofar a terra para deixar firme uma muda recém plantada, meu pequeno prazer, totalmente intransferível, é o meu momento. E mesmo tendo uma certa repulsa pelos bichinhos existentes na terra, entre as raízes de uma planta ou no fundo do vazo, eu ainda tenho o prazer com a terra.

Revigoro, reenergizo, me renovo e saio feliz depois de duas boas horas sentada no chão da área de serviço, sem qualquer conforto e depois de um dia de trabalho, plantando, revirando terra, metendo a mão mesmo. Terra é meu pequeno prazer só meu.





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