sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A SEGURANÇA NO RIO - PÇA TIRADENTES

Estava lendo hoje uma reportagem que saiu no Jornal O Globo: Retirada de grades da Praça Tiradentes e retorno de mendigos reacendem debate sobre estética, lazer e segurança.

A Praça, que fica aqui no Centro do Rio, passou por uma enorme reforma. Está revitalizada e tinha sido cercada por grades.

Achei interessante a reportagem porque abre a discussão para a questão dos moradores de rua. Muitos leitores questionaram a retirada das grades porque não se sentem seguros sem elas. Mas eu acho que a segurança não tem relação com as grades. Eu acho que as grades servem como um ilusão que nós nos apoiamos para ter a sensação de segurança. Resolvi escrever a respeito aqui no blog porque eu penso várias coisas sobre o assunto.

A discussão no site do Jornal foi além, chegando a ser questionado outras praças, algumas com característica de parques inclusive.

Achei duas falas significativas para a discussão. Uma do arquiteto Miguel Pinto Guimarães, que é a favor da abertura:

- Tem que controlar com iluminação e guarda municipal. Segurança é o dever do poder público. Os espaços têm que estar abertos para a cidade.

Eu acho que se a gente pretende viver democraticamente, acho que a gente deve se livrar dessas barreiras físicas mesmo. Essas barreiras representam muito mais que uma limitação do espaço, representam, na minha opinião, o reforço à exclusão social, uma barreira psicológica que só faz fortalecer o sentimento de inferioridade de quem sofre a exclusão.

O Prefeito do Rio, Eduardo Paes, muito criticado também, em resposta à pergunta se autorizaria a recolocação das grades:

- Nem que a vaca tussa! Não gosto da perspectiva higienista sobre a população de rua. A gente tem que acolher as pessoas, independentemente se elas dormem na praça ou na rua.

Embora seja utópico e, na verdade o próprio Prefeito deveria assumir a responsabilidade por essas pessoas e não assume, eu concordo com ele. O Rio de Janeiro está cheio de pessoas vivendo nas ruas por todos os lados. Entre essas pessoas acredito que tenha muita gente de bem, sendo discriminada e marginalizada. Ao mesmo tempo que existem muitas pessoas que estão abandonadas ao prórpio destino e se entregam ao consumo de drogas e roubos. Essas pessoas precisam ser recuperadas. Essas pessoas precisam ter uma segunda opção e é dever da Prefeitura se responsabilizar por isso. Agora, fechar todas as praças com grades, lugares que eram para ser públicos, é excluir mais ainda essas pessoas e fazer vista grossa para o problema. Porque ninguém peita e resolve?

Nesse último semestre tenho feito alguns passeios de turista e admirado a cada dia mais a minha cidade, que é linda. Uma cidade linda que faz vista grossa para um problema tão grave. Um problema que expõe a imagem do Rio, expõe a segurança das pessoas e, mais ainda, expõe essas pessoas a uma situação de indignidade. Temos várias coisas aí: segurança, discriminalização, exclusão, imagem, drogas, democracia...
Não digo nem que faltem pessoas competentes para lidar com o assunto, eu acho mesmo é que falta gente com coragem para peitar tudo isso.



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