SOBRE SAUDADE

O que é a saudade senão a falta da presença? A ausência daquilo ou de quem já se teve?

E se é ausente hoje é porque não se tem mais? Porque quando se tem ainda, não está ausente, está presente, está em todo o meu ser, está no meu pensamento, no meu sentimento, faz parte da minha história.

Quando se está ausente, de fato, significa que não faz mais parte do meu pensamento, do meu sentimento e da minha história, está fora, ausente de tudo isso. Isso é saudade. Saudade é a ausência do que se teve, porque se você tem, no presente, não há como existir ausência no que se tem.

Se eu tenho, está presente, pronto.

Filosofias à parte, a saudade dói e não é possível explicá-la.

É possível filosofar e, racionalmente, perceber que é uma dor inútil, quando ainda se tem aquele que te faz falta em dado momento. Mas, emocionalmente, não acontece assim. Sentimos dor, choramos, nos desesperamos e perguntamos porque somos vítima daquela saudade. Saudade é um sentimento difícil de descrever e de sentir. É um sentimento que causa conflito entre o sentir e o pensar. Isso é saudade, o conflito, o saber que haverá o reencontro junto com o desespero da falta momentânea. Saudade é assim, um sentimento de quem ama, pois só sentimos saudade daquilo ou de quem amamos.

É um dos sentimentos agregados do amor.

Alguns dizem que é um ônus de amar e ser amado.

Alguns dizem que é um bônus do amar e ser amado, pois só sente saudade quando se ama. E, nesse caso, existe um sentimento maior e melhor que o amor?