quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A CENSURA E O PRECONCEITO


A minha vida é minha vida e só a mim diz respeito. Sim, isso é fato. Mas acontece que sou (todo ser humano é) por natureza, um ser social, vivo em sociedade, trabalho, tenho amigos, tenho família e assim como todos os outros seres no mundo eu sou. Mas como ser único (único no sentido de possuir uma consciência própria e individualizada) tenho minhas opiniões, meus valores, meus gostos, meus desgostos como todo qualquer outro ser no mundo também. Bom, se somos seres com consciências distintas e também somos seres sociais, como conviver com todas essas consciências juntas?!?
São muitas consciências pensando juntas em um mesmo local no espaço. Não dá problema isso não? Sim, dá, muitos problemas. Mas acredito que a solução não é cada um sair por aí matando as outras consciências diferentes da dele, até porque não se pode viver só com a sua consciência, lembrando que somos seres sociais.
Diante dessa filosofia toda estão muitos problemas como a falta de respeito à consciência do outro. A falta de respeito pode ser dirigida para muitos aspectos da consciência alheia como para a religiosidade do outro, o gosto por música do outro, o jeito de se vestir do outro, a cor do outro e a orientação sexual do outro, por exemplo. E é por causa desse último aspecto que eu estou aqui filosofando esse tempo todo.
Cada pessoa, como consciência única que é, tem o direito de pensar o que quiser e de ter o que quiser dentro da sua mente e do seu coração. Mas para a vida social nem sempre o que é pensado ou sentido (gosto de associar o sentir ao coração por mera questão poética, acho suave e ao mesmo tempo forte esse uso romântico) deve ser expressado, por uma questão de respeito às diferentes consciências que convivem juntas e que, teoricamente, desejam viver em plena harmonia.
Fiquei sabendo de uma fato que muito me desagradou e me levou a pensar além. Um fato de preconceito a um aspecto da minha consciência, à minha sexualidade. no ambiente de trabalho, passamos 40 horas em convívio uns com os outros. É inevitável compartilhar aspectos da nossa vida privada. Conversamos, trocamos, mostramos um pouco de nós mesmos o tempo todos. Somos seres humanos não é? Não somos robôs. Carregamos uma carga de afeto própria da nossa espécie. Temos nas nossas mesas de trabalho foto dos filhos, do cachorro do marido, do parceiro, enfim, nos expomos ao mundo pelo simples fato de sermos seres humanos com um nível de consciência que nos move a isso. Como conviver com a censura nesse ambiente. Ora, se todos podem compartilhar, conversar e trocar gostos e opiniões, é justo a censura a uma consciência que seja minoria nesse ambiente? A minoria não significa pior nem melhor, apenas uma minoria. E também não significa diferente dos demais, pois como consciências únicas, somos naturalmente diferentes uns dos outros. Mas e a censura? Porque? Porque expressar a minha opinião diante da beleza de uma pessoa do mesmo sexo que eu é motivo de ofensa a ponto de ser expressa pela outra pessoa? E se eu tivesse expressado minha opinião a respeito do sexo oposto, não seria ofensa? Concluo que a questão está na questão do sexo da pessoa admirada, não na admiração. Mas porque? Me pergunto e me vejo sem resposta. Me questiono porque algumas consciências podem ser expressas e outras devem ser censuradas. Não somos todos diferentes mesmo oras?
Esse tipo de censura que costumamos chamar de preconceito é burro e injusto. Privar algumas pessoas não é justo e não deve ser considerado para uma convivência harmoniosa. O respeito à diversidade que somos sim, deveria prevalecer independente de opinião. Sim, eu tenho diversas opiniões sobre muitas coisas, não estou dizendo o contrário. Mas na hora de expressar é preciso cuidado para não ultrapassar a barreira do respeito que garante a boa convivência. Também não estou falando que devemos ser todos seres falsos que pensam uma coisa e falam outra, não estou pensando nisso, estou apenas pensando em não desrespeitar o outro mesmo. Em um ambiente de trabalho, se eu não gosto de alguém, não finjo gostar, posso ter um ótimo relacionamento profissional mas não preciso levar a pessoas para a minha vida fora do trabalho. Dessa forma eu posso respeitar a pessoa enquanto no mesmo ambiente que eu, mesmo não gostando dela. Não parece tão difícil, parece justo, comigo e para com a pessoa. Acho que é só isso. Ninguém precisa passar por situações de constrangimento, ninguém precisa se sentir ofendido, ninguém precisa ser censurado, as coisas apenas precisam ficar cada uma no seu lugar, tendo o respeito como princípio para que as coisas realmente fiquem em seus lugares.
Infelizmente isso tudo ainda é algo distante no mundo. Infelizmente ainda somos obrigados a vivenciar situações de censura e preconceito. Infelizmente  eu e muitos outros continuamos sendo vítimas da violência psicológica e física das consciências intolerantes. Mas mesmo assim, eu tenho muito ORGULHO da minha consciência.

Um comentário:

  1. o problema aqui acho que essas intolerâncias estão ligadas a falta de conhecimento das pessoas. Quanto mais ignorantes (dos fatos) maior a intolerância ao que não se conhece (e não se quer conhecer)

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